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📫 No arranque de cada nova temporada da série The Office, a equipa de escritores entrava num “período de céu azul”.
Durante duas a quatro semanas, todos os dias eram guiados pela pergunta “E se…?”.
Não havia qualquer limitação, qualquer oposição ao processo criativo:
Nem “Se calhar não podemos”, nem “Mas isto entra em conflito com aquilo”.
Todas as ideias eram válidas:
“E se o Dwight fosse à lua?”
“E se o Jim e a Pam se divorciassem?"
No final deste período, eram selecionadas as ideias mais interessantes para explorar. Só então (nunca antes) começava o trabalho de encontrar objeções, resolver inconsistências e limar arestas na história.
Esta prática1 ilustra claramente os conceitos de pensamento divergente e convergente descritos por J.P. Guilford. O que me parece particularmente interessante neste caso é a clara delimitação temporal das duas etapas, criando-se um espaço seguro para que as ideias mais originais pudessem aparecer.
E agora os temas deste mês, vamos a isto!
Freelancers e tempo livre
Já perdi a conta ao número de vezes que ouvi dizer que ser freelancer é ir para a praia e ver Netflix a meio do dia. Infelizmente não é, por isso este mês escrevi sobre a importância de reservar tempo livre quando se é freelancer.
Céu azul em empresas
O período de céu azul do The Office fez-me lembrar as reuniões “Are You Nuts?” da empresa brasileira SEMCO. Realizavam-se uma vez por mês, tinham a duração de três horas e qualquer pessoa podia participar, mas havia um requisito: só as ideias mais arrojadas eram seriamente consideradas. A partir destas reuniões, foram criadas várias iniciativas, entre as quais o programa experimental de redução da semana de trabalho sobre o qual escrevi aqui.
Reuniões e Gestão de Conhecimento
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Por falar em reuniões, um comentário de uma professora deixou-me a pensar (outra vez) sobre a sua relação com a gestão de conhecimento. Encontrei um artigo que descreve em detalhe as práticas de uma startup em que este tema foi uma preocupação desde o início, e pareceu-me útil como inspiração. Um exemplo: a criação de uma Wiki interna, em que a lógica de todas as decisões é documentada.
Testar ideias
Quando está a escrever um livro, o psicólogo organizacional Adam Grant recruta um grupo de pessoas em cujo sentido crítico confia e pede-lhes que “destruam” cada capítulo. Inspirada por esta ideia, reuni alguns exemplos de práticas de empresas que servem especificamente para pôr ideias à prova.
Colaboração entre estranhos
Um estudo do MIT procurou analisar o impacto da proximidade física na produção de trabalho colaborativo com pessoas que estão fora do nosso círculo mais próximo. Concluiu-se que o presencial supera o online em duas dimensões: Inevitabilidade e Serendipidade.
Fica a dúvida: em que dimensões será o online mais forte a promover a colaboração entre estranhos? Se tivesse que apostar, diria que o Acesso é uma delas. Conseguimos hoje pôr-nos em contacto com estranhos que admiramos de uma forma que não seria possível se estivéssemos dependentes da presença num mesmo espaço.
Estas foram algumas das ideias que passaram pelos meus cadernos ao longo deste mês e que escolhi partilhar contigo.
Fica à vontade para enviar esta edição a quem quiseres.
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Até julho! 👋
Descrita por B.J. Novak, um dos argumentistas e atores da série, em entrevista ao podcast The Tim Ferriss Show