Fotografia de Daniela Sousa
📫 Em abril de 2020, estávamos nós em confinamento e eu em licença de maternidade quando decidi inscrever-me num curso online de escrita criativa.
Na altura, o desafio que mais me estimulou consistia em escrever uma carta ou uma página de diário sem utilizar determinada letra.
A imposição de limites é uma técnica muito explorada em exercícios criativos. No livro The Creative Act: a Way of Being, Rick Rubin compara-a à seleção de uma paleta de cores para o projeto que se tem em mãos. Reduzindo-se a escolha, abrem-se novas possibilidades.
Seinfeld é um bom exemplo: nove temporadas que resultaram de duas regras - as personagens não podiam, sob circunstância alguma, abraçar-se ou aprender com a experiência.
Voltando ao curso, aqui está o texto que escrevi 👇 Consegues identificar a letra proibida?
Querido Pedro,
Penso no tempo que ficou por viver. Um sonho nosso, contigo. Um futuro feito de pés nus e pelos de bichos e nuvens de pólen. De flores e cheiros e luzes e cores. De piqueniques com sol e vento e outros connosco. De beijinhos sem fim e só porque sim.
Penso no tempo que vivemos hoje. O mundo que é o teu. Correm os meses por entre os dedos e nós longe de todos. Os três juntos, pele com pele, todos os segundos de todos os minutos. Conhecemo-nos de cor. Ouvimo-nos em silêncio.
Temos menos. Temos tudo.
E agora os temas deste mês, vamos a isto!
Trabalhos inúteis?
Ainda inspirada pelo documentário Inside Pixar, de que falei em abril, esta semana partilhei no LinkedIn dois exemplos de trabalhos que à primeira vista não têm grande impacto, mas cujo contributo é fundamental para o estúdio de animação.
Sentimento de pertença
Já disse - e repito - que a discussão sobre o futuro do teletrabalho me parece despropositada e inútil. Na última edição da Experiencialista, a newsletter da Immersis, partimos de uma questão que nos parece mais relevante: como garantir que os colaboradores sentem que pertencem à organização, independentemente do sítio onde trabalham? Um exercício de curadoria com o qual aprendi muitíssimo.
Coerência na comunicação
Depois de detectar que alguns colaboradores estavam a mentir num curso de ética, uma grande empresa de consultoria abordou o professor Dan Ariely para tentar perceber porquê. A sua primeira pergunta - “Deram-lhes tempo para fazer o curso?” - levou a um diagnóstico que se podia aplicar a grande parte da formação que se faz hoje em empresas.
📌 Ver o diagnóstico (3 min)
Uma sala com vida
Na edição de março escrevi sobre contextos criativos, e este mês vi a sua mais perfeita ilustração no mini-documentário sobre a sala criada pela cartoonista e Professora Lynda Barry na Universidade de Wisconsin-Madison. Está lá tudo: o acesso aos materiais, a expressão individual e a abertura à comunidade. Fez-me sorrir durante vários dias.
📌 Ver o documentário (28 min)
Festas de leitura
Ora aqui está o meu tipo de festa: há livros, há vinho, há conversas que vão além do superficial e até há momentos de silêncio (do tipo que não é desconfortável 😅). Descobri as “festas de leitura” via Alex Wiec, mas descobri que já se fazem em Lisboa na Fable.
📌 Se já participaste, conta-me tudo!
Estas foram algumas das ideias que passaram pelos meus cadernos ao longo deste mês e que escolhi partilhar contigo.
Fica à vontade para enviar esta edição a quem quiseres.
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Até junho! 👋
P.S: Deseja-me força: chegou aquela altura do ano 🙆🏻♀️
Adorei, Ana! O documentário é interessantíssimo a vários níveis.
Adorei ler Ana... andei a saltar entre o texto e os links. Que senhora maravilhosa a do documentário!!
Que ideia top as pessoas juntarem-se para ler, uma onda que parece estar a espalhar-se. Obrigada**