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📫 Na IDEO, a empresa de design e consultoria de inovação fundada por David Kelley em 1991 na Califórnia, a cultura foi intencionalmente desenhada para promover a entreajuda.
Ao longo de dois anos, uma equipa de investigadores liderada pela Professora Teresa Amabile procurou descobrir que processos e incentivos suportavam este comportamento.
Um dos mecanismos, descrito no estudo de caso publicado em 2014 na Harvard Business Review, passa por garantir que as pessoas têm tempo livre para que se possam envolver nos projetos de outros colegas de formas não planeadas.
A decisão de deixar “espaço em branco” nas agendas dos colaboradores (ou na própria agenda, no caso dos freelancers) pressupõe um compromisso financeiro, mas é também um investimento na inovação.
É que o tempo livre, além de necessário para a incubação, promove a serendipidade de encontros e a polinização de ideias, fatores essenciais em projetos complexos e abertos.
“No processo criativo, muitas vezes não sabemos que precisamos de ajuda até ela estar mesmo à nossa frente. É algo que as organizações podem facilitar, criando uma cultura em que a ajuda espontânea tenha maior probabilidade de estar disponível.” - Tim Brown, Presidente da IDEO
E agora os temas deste mês, vamos a isto!
Preservar memórias
Este mês não há artigo, mas há outro tipo de conteúdo produzido cá em casa. Ao rever os projetos de prendas que temos feito todos os anos para oferecer no Natal, apercebi-me de que há um tema comum: o da preservação de memórias.
Alguns destes projetos foram feitos com design da Catarina Machado.
Já fizemos por exemplo um calendário com as fotografias das nossas viagens, um caderno com citações do nosso pequeno filósofo de três anos e um livro com as nossas receitas de família. Sem o propósito específico de oferecer no Natal, há ainda a mini-biografia do meu tio-avô e o livro que celebra a história da loja dos meus pais.
Celebrar os erros
E se nas festas de final de ano das empresas houvesse oportunidade de celebrar os erros? Para inspirar os mais destemidos, partilhei no LinkedIn três rituais para celebrar o erro em equipa, a partir dos exemplos de empresas em que a inovação é fundamental: a Google X, a Etsy e a Eli Lilly.
Brincadeira e atenção
Foto de Scott Webb via Pexels
Uma das descobertas mais surpreendentes nos meus estudos sobre atenção: a investigação tem demonstrado que a brincadeira livre é importante para a capacidade de foco. Vale a pena ver a TED Talk de um dos pioneiros na investigação sobre o tema, Stuart Brown.
Será plágio?
No mundo da internet tem havido várias queixas de plágio nos últimos tempos, o que me fez recuperar um artigo que o Malcolm Gladwell escreveu em 2004 para a New Yorker. A partir de uma experiência pessoal, questiona o que é (e não é) plágio, recorrendo a vários exemplos do universo da música (aquilo a que Paul McCartney se refere como “a corrida de estafetas”).
Livros do ano
Este ano decidi partilhar as minhas recomendações de livros a tempo do Natal 🤶 Selecionei novamente cinco, desta vez em diferentes categorias, mas se quiseres a lista completa escreve-me em resposta a este email.
Ficção: A visita do brutamontes, Jennifer Egan: o romance mais original que li nos últimos anos (na minha opinião, melhor do que a sequela, “Uma casa feita de doces”).
Não ficção: Criatividade: Um guia prático e divertido, John Cleese: uma síntese leve e bem fundamentada sobre o processo criativo.
Biografia: Elon Musk, Walter Isaacson: um livro essencial para compreender o perfil de um homem com potencial de construção e destruição em grande escala.
Poesia: Poemas Envelope, Emily Dickinson: coleção de manuscritos sobre envelopes abertos e cortados de diferentes formas, produzidos na última fase da vida da poeta.
Infantil: Aqui estamos nós, Oliver Jeffers: dos livros que mais gosto de ler com o meu filho. Pode ler-se de mil formas diferentes, o que é motivo de reclamação aos três anos, mas é também uma fonte inesgotável de estímulo.
Estas foram algumas das ideias que passaram pelos meus cadernos ao longo deste mês e que escolhi partilhar contigo.
Fica à vontade para enviar esta edição a quem quiseres.
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Até dezembro! 👋
P.S. Na última newsletter, disse que pensava que o livro “The Shallows” não tinha sido editado em Portugal, mas entretanto descobri que existe uma edição em português da Gradiva.