Foto de Roman Odintsov via Pexels
“A mera presença do próprio smartphone reduz a capacidade cognitiva disponível.”
É este o título, e também a conclusão, de um estudo publicado em 2017. Outro mais recente, divulgado este ano, afirma que o impacto se faz sentir mesmo ao nível do desempenho cognitivo.
Os resultados da mini-sondagem que lancei na newsletter passada também foram claros: o telemóvel é a maior ameaça à atenção dos leitores que responderam.
Nicholas Carr, autor do livro “The Shallows” (infelizmente penso que não foi editado em Portugal) afirma que é o impulso para recolher informação, fundamental para a nossa sobrevivência enquanto espécie, que contribui para que estejamos a alternar constantemente entre três estados: ou a olhar para o telemóvel, ou a pensar em pegar nele, ou a suprimir o desejo de pegar nele.
Em conversa com um amigo, discutíamos se não estará a tecnologia a evoluir de uma forma que o nosso cérebro não está equipado para acompanhar. Parece-me contudo que o problema é ainda mais amplo: algumas plataformas têm sido desenvolvidas para explorar intencionalmente as fragilidades do nosso cérebro.
É por isso que me tenho dedicado a estudar a atenção. Acredito que protegê-la é um dos maiores e mais importantes desafios que enfrentamos hoje.
E agora os temas deste mês, vamos a isto!
Em modo selfie
Uma visita recente à exposição da Joana Vasconcelos no Maat fez-me recordar um artigo que escrevi em 2018 sobre a obsessão com as selfies e o seu impacto na atenção, na capacidade de recordar experiências e na relação com os outros e consigo próprio. Tristemente atual, na minha opinião.
📌 Ler o artigo (em inglês)
O fim das reuniões?
Partilhei ontem três exemplos de empresas que apagaram as reuniões recorrentes dos calendários individuais. Em duas delas, os colaboradores não terão tido conhecimento da decisão até o facto estar consumado. Demasiado extremo?
Visita aos arquivos
Ikea Museum Catalogues, 1961, Copyright: ©Inter IKEA Systems B.V
Duas coisas que fazem as delícias da historiadora de empresas que há em mim: os catálogos IKEA desde 1950 e uma entrevista com uma arquivista da LEGO. Se a tua empresa tem uma história por contar ou um arquivo que vale a pena conhecer, fala comigo!
Criatividade segundo John Lennon
Em maio, escrevi sobre o processo criativo de Paul McCartney, a partir do livro “The Lyrics - 1956 to the Present”. Agora, a Professora Jillian Ness (autora da newsletter
, que leio religiosamente) sistematizou algumas práticas do John Lennon. Interessante que ambos mencionem o jornal como fonte de inspiração.Explosão de música
Já que falamos de músicos, partilho uma obsessão atual: a série documental Song Exploder da Netflix, que revela os bastidores da escrita de canções. Também existe em podcast, mas a versão televisiva parece-me muito mais rica pelo acesso a filmagens inéditas. Para um mergulho semelhante, mas em português, espreita o podcast que sugeri em agosto do ano passado.
Estas foram algumas das ideias que passaram pelos meus cadernos ao longo deste mês e que escolhi partilhar contigo.
Fica à vontade para enviar esta edição a quem quiseres.
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Até novembro! 👋
Gostei muito!