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📫 O período de céu azul do The Office, de que falei na última newsletter, fez-me lembrar os resultados de investigações sobre criatividade conduzidas por Justin Berg em torno do conceito de “primal mark”.
O termo, proveniente da teoria sobre pintura, significa que a primeira pincelada que um pintor faz numa tela em branco é especialmente importante porque influencia aquilo que o artista pinta em seguida.
A partir desta noção, o investigador realizou um conjunto de experiências em que ficou demonstrado que:
1️⃣ Quando o processo criativo parte de conteúdo familiar, a originalidade das ideias geradas diminui e a sua utilidade aumenta;
2️⃣ Quando o processo se inicia com conteúdo novo, menos usual ou convencional, a utilidade das ideias diminui mas a sua originalidade aumenta;
3️⃣ Enquanto que a utilidade das novas ideias pode ser desenvolvida em fases posteriores do processo criativo, o mesmo não acontece com a originalidade, que é mais condicionada pelo conteúdo inicial.
Assim, se o objetivo é gerar ideias originais, deve começar-se o processo criativo com conteúdo mais arrojado, trabalhando-se depois sobre as ideias geradas para promover a sua utilidade.
E agora os temas deste mês, vamos a isto!
Movimento e criatividade
Nos últimos tempos tenho-me deparado, fortuitamente ou resultado de um viés de atenção, com vários exemplos de artistas, escritores e cientistas para quem andar é um elemento essencial da rotina criativa. Resolvi sistematizar ideias no artigo deste mês.
Cultura de brincadeira
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Quando li o livro “Brick By Brick” fiquei com a percepção de que a cultura da LEGO é vivida de dentro para fora: o autor conta que em todas as salas de reuniões há uma taça cheia de peças e que em quase todas as secretárias há criações em exposição. Recentemente cruzei-me com mais um exemplo: um e-mail out-of-office em que a ausência é justificada com um evento anual da empresa dedicado à brincadeira.
Estratégias Oblíquas
Foi no livro “Como ver coisas invisíveis” que descobri as cartas de madeira que Brian Eno e Peter Schmidt criaram em 1974 para estimular a criatividade dos músicos. Já aqui declarei o meu fascínio por cartas de facilitação, mas estas são incríveis. Até o nome, Estratégias Oblíquas, é de rock star 🤘 Algumas ideias são específicas do universo da música, mas outras aplicam-se a qualquer domínio criativo. A minha preferida: “Take a break”.
Fantasmas digitais
A série “Diários de Andy Warhol”, da Netflix, é narrada por uma voz sintética que foi gerada por inteligência artificial a partir de uma gravação original com 3 minutos. O resultado é impressionante, mas não deixa de levantar questões éticas. O filósofo David Sisto chama a este fenómeno “sobrevivência post-mortem”.
Atenção e ação
A notícia é de maio, mas não perde atualidade, até porque vou falar de um quadro que esperou 95 anos para ser corretamente designado. “Red cabbages and onions”, de Van Gogh, acaba de ser renomeado para “Red cabbages and garlics” a partir da observação particularmente atenta (e especializada) de um Chef que visitou o museu em Amsterdão. Uma história que junta dois elementos que nem sempre vemos em sintonia: participação ativa de um cidadão e escuta interessada de uma instituição.
Estas foram algumas das ideias que passaram pelos meus cadernos ao longo deste mês e que escolhi partilhar contigo.
Fica à vontade para enviar esta edição a quem quiseres.
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Até agosto! 👋