Newsletter Yellow Pad | abril 2022
Sazonalidade, Lições da pandemia, Intervalos na carreira e Boas perguntas
Nas últimas páginas de um diário que escreveu na tentativa de documentar e compreender os processos criativos do seu restaurante, o Chef René Redzepi (de quem falarei mais à frente) concluía, com algum espanto, que a sazonalidade era, afinal, parte da identidade do noma, e não um fator externo com efeitos potencialmente devastadores para a qualidade dos pratos que criavam, como até então acreditava.
Esta ideia marcou-me muito quando a li e voltou a estar mais presente nas minhas reflexões desde que ouvi esta entrevista, em que o Cal Newport sugere que qualquer pessoa que tenha flexibilidade na definição da sua agenda deveria aplicar alguma medida de sazonalidade ao seu trabalho. Na sua perspetiva, a sazonalidade pode ser entendida em diferentes escalas: partes ativas e não ativas durante o dia, dias mais e menos ocupados durante a semana, meses mais e menos agitados durante o ano.
Já em 2001, num artigo histórico escrito para a HBR (The Making of a Corporate Athlete), Jim Loehr e Tony Schwartz defendiam que a gestão de energia tem duas componentes: a primeira corresponde ao movimento rítmico entre o dispêndio de energia (stress) e a sua renovação (recuperação); a segunda corresponde à criação de rituais que promovam a alternância ritmada entre stress e recuperação.
Se hoje fosse editar o ponto 3 deste artigo, provavelmente incluiria esta questão: poderá o conceito de sazonalidade, aplicado às rotinas de trabalho, contribuir para uma oscilação mais equilibrada, harmoniosa e sustentável entre geração e renovação de energia?
E agora os temas deste mês, vamos a isto!
Lições da pandemia
Fui desafiada a escrever um artigo para a Revista Líder e propus-me sistematizar o resultado de algumas análises que vinha fazendo sobre a forma como grandes empresas reagiram à disrupção trazida pela pandemia. Uma nota curiosa: todas as informações que recolhi para este texto vieram de podcasts, um meio que, há 10 anos atrás, não representava, pelo menos para mim, um contexto potencial de aprendizagem.
Operação “Modo Família”
No processo de pesquisa para o artigo, cruzei-me com uma entrevista do Chef René Redzepi, de maio de 2020, sobre as medidas tomadas no noma para acautelar a segurança dos seus colaboradores, ex-colaboradores e respetivas famílias durante a primeira fase de confinamento. Vale a pena ouvir e tirar notas.
Ouvir a entrevista no Spotify ou no site do podcast (é o episódio 32)
Intervalos na carreira
Em 2010, quando comecei a trabalhar em Executive Search, ensinavam-nos a olhar para os espaços vazios nos CVs dos candidatos com desconfiança. 12 anos mais tarde, o LinkedIn propõe normalizar os intervalos na carreira, introduzindo-os como blocos na secção “experiência”, em posição comparável à de um novo cargo. É até possível contextualizar o intervalo, selecionando uma tipologia (ex. desenvolvimento pessoal, saúde e bem-estar, parentalidade) e escrevendo uma descrição.
Só as perguntas
Na newsletter de julho, lancei a ideia de criar um “banco de boas perguntas”. Parece que não estou sozinha neste fascínio: o jornalista Clive Thompson criou uma ferramenta que permite introduzir um pedaço de texto e extrair apenas as perguntas. Neste artigo, explica porque decidiu fazê-lo e discute os resultados de algumas experiências feitas com ensaios, poemas e discursos famosos.
Estas foram algumas das ideias que passaram pelos meus cadernos ao longo deste mês e que escolhi partilhar contigo.
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Até maio! 👋
Mais uma vez, gostei muito, Ana. Já me estou a habituar à ideia de que tua Newsletter Yellow Pad é dos meios mais rápidos e agradáveis de continuar a aprender “coisas” novas, atuais e interessantes depois de ter encerrado formalmente o capítulo da minha vida profissional... Por vezes, depois da leitura, tenho vontade de regressar a ela só para poder mobilizar, em contexto de trabalho, algumas das tuas ideias... :) Parabéns!
AMRB