A imagem de capa desta edição é da Catarina Machado.
De quinze em quinze dias, a carrinha da Biblioteca Itinerante de Lisboa estaciona no jardim onde costumo levar o meu filho depois da escola.
Na primeira visita, vieram dois livros do Oliver Jeffers.
Na segunda visita, o objetivo era trazer livros sobre dinossauros, mas só havia um.
Na terceira visita, assim que nos viu chegar, a senhora bibliotecária exclamou: trouxe mais livros sobre dinossauros!
O meu filho não queria acreditar: uma carrinha mágica que satisfaz os seus desejos!
São assim os bons bibliotecários: atentos, interessados, disponíveis, capazes de identificar um rastilho de curiosidade e acendê-lo de forma discreta mas eficaz.
E são assim os pequenos leitores: atentos, interessados, disponíveis, capazes de se deixar levar por qualquer fio de curiosidade que cative a sua imaginação.
Basta ver as fotografias da cronologia da Rede de Bibliotecas Itinerantes Gulbenkian para perceber o fascínio com que as crianças sempre receberam os livros sobre rodas.
No Inquérito às Práticas Culturais dos Portugueses 2020, publicado pelo ICS, a maioria dos inquiridos afirmou que nunca os pais ou outros familiares os acompanharam a uma livraria (71%), a uma feira do livro (75%) ou a uma biblioteca (77%).
Esta edição da newsletter traz várias propostas para as férias, e deixo já a primeira: se tens uma criança na tua vida, contribui para mudar estas estatísticas.
Malas sem ecrãs
Quando o meu filho era bebé, disseram-me que seria impossível levá-lo num avião sem um tablet. Cinco anos depois, posso dizer que não é. Tenho estado a construir uma lista de passatempos analógicos para levar na mala de viagem quando se tem crianças. Se quiseres contribuir, basta deixar um comentário.
Viajar com cadernos
Quando vamos de férias, temos a regra de não tirar o telemóvel do quarto ou apartamento - nem para a piscina, nem para a praia, nem para o café, nem para o restaurante, nem para os passeios (excepto em deslocações em que seja mesmo essencial). Em compensação, levamos o caderno de memórias para todo o lado. Usamo-lo sobretudo para escrever, mas há quem aproveite as viagens para desenhar. Um artigo do NY Times dá exemplos de turistas que pintam Portugal.
Livros de viagens que não o são
Fonte da imagem: Pexels
Confesso: não sou fã de livros de viagens, mas adoro livros que são sem o serem - daqueles que nos pegam pela mão e nos levam para sítios desconhecidos sem nunca revelar o seu plano. Um bom exemplo: Ao Ritmo do Harlem, de Colson Whitehead, que nas férias do ano passado me transportou para o bairro nova-iorquino nos anos 60. E tu, tens outras recomendações? Deixa nos comentários ou em resposta ao email!
Viajar sem sair de casa
Tenho retirado inspiração infinita do livro My Window, de David Hockney: um excelente exemplo de criatividade em modo avião e em condições de mobilidade condicionada. Entre outras coisas, levou-me a recordar um projeto que se tornou muito conhecido durante a pandemia, e que aparentemente continua vivo e de boa saúde: o site que permite espreitar janelas em várias partes do mundo.
📌 Ver no site ou no instagram
E depois das férias?
Como manter uma cultura de criatividade em família?
partilha quatro dicas práticas para criar arte com as crianças de forma regular. Via .Tangente
Lembras-te das fotografias de pessoas a ler, tiradas pela Rosa Pomar no metro de Lisboa?
retratou o mesmo tema, mas em desenho, no metro de Nova Iorque.Estas foram algumas das ideias que passaram pelos meus cadernos ao longo deste mês e que escolhi partilhar contigo.
Até julho! 👋